QUARTA-FEIRA
Ano: C
Santo do dia: Santo Henrique e Santa Cunegundes.
Cor litúrgica do dia: VERDE
Anos Pares
15ª Semana do Tempo Comum.
Primeira leitura
- Leitura do Livro do Profeta Isaías (10,5-7.13-16)
Assim fala o Senhor:
5 Ai de Assur, vara de minha cólera,
bastão em minhas mãos, instrumento de minha indignação!
6 Eu o envio contra uma nação ímpia
e ordeno-lhe, contra um povo que me excita à ira,
que o submeta à pilhagem e ao saque,
que o calque aos pés
como lama nas ruas.
7 Mas ele assim não pensava,
seu propósito não era esse;
pelo contrário, sua intenção era esmagar
e exterminar não poucas nações.
13 Pois diz o rei da Assíria:
'Realizei isso pela força da minha mão
e com minha sagacidade, pois tenho experiência;
aboli as fronteiras dos povos,
saqueei seus tesouros,
e derrubei de golpe os ocupantes de altos postos;
14 minha mão empalmou como um ninho a riqueza dos povos;
e como se apanha uma ninhada de ovos,
assim ajuntei eu os povos da terra,
e não houve quem batesse asa
ou abrisse o bico e desse um pio'.
15 Mas acaso gloria-se o machado,
em detrimento do lenhador que com ele corta?
Ou se exalta a serra
contra o serrador que a maneja?
Como se a vara movesse quem a levanta
e um bastão erguesse aquele que não é madeira.
16 Por isso, enviará o Dominador, Senhor dos exércitos,
contra aqueles fortes guerreiros o raquitismo;
e abalará sua glória
com convulsões que queimam como fogo.
Assim fala o Senhor:
5 Ai de Assur, vara de minha cólera,
bastão em minhas mãos, instrumento de minha indignação!
6 Eu o envio contra uma nação ímpia
e ordeno-lhe, contra um povo que me excita à ira,
que o submeta à pilhagem e ao saque,
que o calque aos pés
como lama nas ruas.
7 Mas ele assim não pensava,
seu propósito não era esse;
pelo contrário, sua intenção era esmagar
e exterminar não poucas nações.
13 Pois diz o rei da Assíria:
'Realizei isso pela força da minha mão
e com minha sagacidade, pois tenho experiência;
aboli as fronteiras dos povos,
saqueei seus tesouros,
e derrubei de golpe os ocupantes de altos postos;
14 minha mão empalmou como um ninho a riqueza dos povos;
e como se apanha uma ninhada de ovos,
assim ajuntei eu os povos da terra,
e não houve quem batesse asa
ou abrisse o bico e desse um pio'.
15 Mas acaso gloria-se o machado,
em detrimento do lenhador que com ele corta?
Ou se exalta a serra
contra o serrador que a maneja?
Como se a vara movesse quem a levanta
e um bastão erguesse aquele que não é madeira.
16 Por isso, enviará o Dominador, Senhor dos exércitos,
contra aqueles fortes guerreiros o raquitismo;
e abalará sua glória
com convulsões que queimam como fogo.
- Palavra do Senhor.
R. Graças a Deus.
Salmo Responsorial
(Sl 93,5-10. 14-15 (R. 14a))
R. O Senhor não rejeita o seu povo.
5 Eis que oprimem, Senhor, vosso povo *
e humilham a vossa herança;
6 estrangeiro e viúva trucidam, *
e assassinam o pobre e o órfão! R.
7 Eles dizem: 'O Senhor não nos vê *
e o Deus de Jacó não percebe!'
8 Entendei, ó estultos do povo; *
insensatos, quando é que vereis? R.
9 O que fez o ouvido, não ouve? *
Quem os olhos formou, não verá?
10 Quem educa as nações, não castiga? *
Quem os homens ensina, não sabe? R.
14 O Senhor não rejeita o seu povo *
e não pode esquecer sua herança:
15 voltarão a juízo as sentenças; *
quem é reto andará na justiça. R.
Evangelho
— O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus (11,25-27)
R. Glória a vós, Senhor.
25 Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer:
'Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos
e as revelaste aos pequeninos.
26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.
27 Tudo me foi entregue por meu Pai,
e ninguém conhece o Filho, senão o Pai,
e ninguém conhece o Pai, senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
— Palavra da Salvação.
R. Glória a vós, Senhor.
Homilia
O conhecimento de Deus é diferente de todas as outras formas de conhecimento das quais o ser humano é capaz. De fato, temos diversas formas de conhecimento, como o racional, o científico, o vulgar e o mitológico, entre outros, que encontram a sua origem na nossa relação com as coisas e as pessoas que conhecemos e que se tornam de alguma forma objeto do nosso conhecimento. Com Deus, a coisa é diferente. A mente humana é incapaz de, por si só, chegar até o conhecimento de Deus. Só conhecemos a Deus porque, no seu infinito amor, ele revelou-se a todos nós. É o amor de Deus que, sabendo que somos incapazes de chegar até ele, vem até nós.
Fonte CNBB
Após o “discurso da missão” e o envio dos discípulos ao mundo para continuarem a obra libertadora de Jesus, Mateus coloca no seu esquema de Evangelho uma seção sobre as reações e as atitudes que as várias pessoas e grupos tomam frente a Jesus e à sua proposta de “Reino”.
Nos versículos anteriores ao texto que nos é hoje proposto, Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades situadas à volta do lago de Tiberíades, porque foram testemunhas da sua proposta de salvação e mantiveram-se indiferentes. Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam questionar-se, a fim de abrir o coração à novidade de Deus.
Agora, Jesus manifesta-se convicto de que essa proposta rejeitada pelos habitantes das cidades do lago, encontrará acolhimento entre os pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.
Hoje estamos diante de duas “sentenças” que, provavelmente, foram pronunciados em ambientes diversos deste que Mateus nos apresenta.
A primeira sentença é uma oração de louvor que Jesus dirige ao Pai, porque Ele escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos. Os “sábios e inteligentes” são certamente esses “fariseus” e “doutores da Lei”, que absolutizavam a Lei, que se consideravam justos e dignos de salvação porque cumpriam escrupulosamente a Lei, que não estavam dispostos a deixar pôr em causa esse sistema religioso em que se tinham instalado e que – na sua perspectiva – lhes garantia automaticamente a salvação. Os “pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder positivamente à oferta do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados, ou seja, os doentes, os publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra” que Jesus encontrava todos os dias pelos caminhos da Galiléia, considerados malditos pela Lei, mas que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta libertadora de Jesus.
A segunda sentença relaciona-se com a anterior e explica o que é que foi escondido aos “sábios e inteligentes” e revelado aos “pequeninos”. Trata-se, duma “experiência profunda e íntima” de Deus. Os “sábios e inteligentes” estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes dava o conhecimento de Deus. A Lei era uma espécie de “linha direta” para Deus, através da qual eles ficavam a conhecer Deus, a sua vontade, os seus projetos para o mundo a para os homens; por isso, apresentavam-se como detentores da verdade, representantes legítimos de Deus, capazes de interpretar a vontade e os planos divinos.
Jesus deixa claro que quem quiser fazer uma experiência profunda e íntima de Deus tem de aceitar Jesus e segui-lO. Ele é “o Filho” e só Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Quem rejeitar Jesus não poderá “conhecer” Deus: quando muito, encontrará imagens distorcidas de Deus e aplicá-las-á depois para julgar o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O seguir, aprenderá a viver em comunhão com Deus, na obediência total aos seus projetos e na aceitação incondicional dos seus planos.
Na verdade, os critérios de Deus são bem estranhos, vistos de cá de baixo, com as lentes do mundo. Nós, homens, admiramos e incensamos os sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos e queremos que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a ditar a moda ou as idéias, a definir o que é correto ou não é correto. Mas Deus diz que as coisas essenciais são muito mais depressa percebidas pelo “pequeninos”: são eles que estão sempre disponíveis para acolher Deus e os seus valores e para arriscar nos desafios do “Reino”. Quantas vezes os pobres, os pequenos, os humildes são ridicularizados, tratados como incapazes, pelos nossos “iluminados” fazedores de opinião, que tudo sabem e que procuram impor ao mundo e aos outros as suas visões pessoais e os seus pseudo-valores. A Palavra de Deus ensina: a sabedoria e a inteligência não garantem a posse da verdade; o que garante a posse da verdade é ter um coração aberto a Deus e às suas propostas.
Como é que chegamos a Deus? Como percebemos o seu “rosto”? Como fazemos uma experiência íntima e profunda de Deus? É através da Filosofia? É através de um discurso racional coerente? É passando todo o tempo disponível na igreja a mudar as toalhas dos altares? O Evangelho responde: “conhecemos” Deus através de Jesus. Jesus é “o Filho” que “conhece” o Pai; só quem segue Jesus e procura viver como Ele pode chegar à comunhão com o Pai. Há católicos que, por serem Padres como eu, por terem feito catequese, por irem à missa ao domingo e por fazerem parte do conselho pastoral da paróquia, acham que conhecem Deus. Atenção: só “conhece” Deus quem é simples e humilde e está disposto a seguir Jesus no caminho da entrega a Deus e da doação da vida aos homens. É no seguimento de Jesus – e só aí – que nos tornamos “filhos” de Deus.
Pai, que a arrogância dos sábios e doutos jamais contamine meu coração. E, fazendo-me pequenino, que eu esteja em condições de acolher a Tua revelação na pessoa do Teu Filho Jesus Cristo.
Fonte Canção Nova
Deus os Abençoe!
Paz e Bem.
- in Corde Jesu, semper.
(Sl 93,5-10. 14-15 (R. 14a))
R. O Senhor não rejeita o seu povo.
5 Eis que oprimem, Senhor, vosso povo *
e humilham a vossa herança;
6 estrangeiro e viúva trucidam, *
e assassinam o pobre e o órfão! R.
7 Eles dizem: 'O Senhor não nos vê *
e o Deus de Jacó não percebe!'
8 Entendei, ó estultos do povo; *
insensatos, quando é que vereis? R.
9 O que fez o ouvido, não ouve? *
Quem os olhos formou, não verá?
10 Quem educa as nações, não castiga? *
Quem os homens ensina, não sabe? R.
14 O Senhor não rejeita o seu povo *
e não pode esquecer sua herança:
15 voltarão a juízo as sentenças; *
quem é reto andará na justiça. R.
e humilham a vossa herança;
6 estrangeiro e viúva trucidam, *
e assassinam o pobre e o órfão! R.
7 Eles dizem: 'O Senhor não nos vê *
e o Deus de Jacó não percebe!'
8 Entendei, ó estultos do povo; *
insensatos, quando é que vereis? R.
9 O que fez o ouvido, não ouve? *
Quem os olhos formou, não verá?
10 Quem educa as nações, não castiga? *
Quem os homens ensina, não sabe? R.
14 O Senhor não rejeita o seu povo *
e não pode esquecer sua herança:
15 voltarão a juízo as sentenças; *
quem é reto andará na justiça. R.
Evangelho
— O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus (11,25-27)
R. Glória a vós, Senhor.
25 Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer:
'Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos
e as revelaste aos pequeninos.
26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.
27 Tudo me foi entregue por meu Pai,
e ninguém conhece o Filho, senão o Pai,
e ninguém conhece o Pai, senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
'Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos
e as revelaste aos pequeninos.
26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.
27 Tudo me foi entregue por meu Pai,
e ninguém conhece o Filho, senão o Pai,
e ninguém conhece o Pai, senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
O conhecimento de Deus é diferente de todas as outras formas de conhecimento das quais o ser humano é capaz. De fato, temos diversas formas de conhecimento, como o racional, o científico, o vulgar e o mitológico, entre outros, que encontram a sua origem na nossa relação com as coisas e as pessoas que conhecemos e que se tornam de alguma forma objeto do nosso conhecimento. Com Deus, a coisa é diferente. A mente humana é incapaz de, por si só, chegar até o conhecimento de Deus. Só conhecemos a Deus porque, no seu infinito amor, ele revelou-se a todos nós. É o amor de Deus que, sabendo que somos incapazes de chegar até ele, vem até nós.
Fonte CNBB
Após o “discurso da missão” e o envio dos discípulos ao mundo para continuarem a obra libertadora de Jesus, Mateus coloca no seu esquema de Evangelho uma seção sobre as reações e as atitudes que as várias pessoas e grupos tomam frente a Jesus e à sua proposta de “Reino”.
Nos versículos anteriores ao texto que nos é hoje proposto, Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades situadas à volta do lago de Tiberíades, porque foram testemunhas da sua proposta de salvação e mantiveram-se indiferentes. Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam questionar-se, a fim de abrir o coração à novidade de Deus.
Agora, Jesus manifesta-se convicto de que essa proposta rejeitada pelos habitantes das cidades do lago, encontrará acolhimento entre os pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.
Hoje estamos diante de duas “sentenças” que, provavelmente, foram pronunciados em ambientes diversos deste que Mateus nos apresenta.
A primeira sentença é uma oração de louvor que Jesus dirige ao Pai, porque Ele escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos. Os “sábios e inteligentes” são certamente esses “fariseus” e “doutores da Lei”, que absolutizavam a Lei, que se consideravam justos e dignos de salvação porque cumpriam escrupulosamente a Lei, que não estavam dispostos a deixar pôr em causa esse sistema religioso em que se tinham instalado e que – na sua perspectiva – lhes garantia automaticamente a salvação. Os “pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder positivamente à oferta do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados, ou seja, os doentes, os publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra” que Jesus encontrava todos os dias pelos caminhos da Galiléia, considerados malditos pela Lei, mas que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta libertadora de Jesus.
A segunda sentença relaciona-se com a anterior e explica o que é que foi escondido aos “sábios e inteligentes” e revelado aos “pequeninos”. Trata-se, duma “experiência profunda e íntima” de Deus. Os “sábios e inteligentes” estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes dava o conhecimento de Deus. A Lei era uma espécie de “linha direta” para Deus, através da qual eles ficavam a conhecer Deus, a sua vontade, os seus projetos para o mundo a para os homens; por isso, apresentavam-se como detentores da verdade, representantes legítimos de Deus, capazes de interpretar a vontade e os planos divinos.
Jesus deixa claro que quem quiser fazer uma experiência profunda e íntima de Deus tem de aceitar Jesus e segui-lO. Ele é “o Filho” e só Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Quem rejeitar Jesus não poderá “conhecer” Deus: quando muito, encontrará imagens distorcidas de Deus e aplicá-las-á depois para julgar o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O seguir, aprenderá a viver em comunhão com Deus, na obediência total aos seus projetos e na aceitação incondicional dos seus planos.
Na verdade, os critérios de Deus são bem estranhos, vistos de cá de baixo, com as lentes do mundo. Nós, homens, admiramos e incensamos os sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos e queremos que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a ditar a moda ou as idéias, a definir o que é correto ou não é correto. Mas Deus diz que as coisas essenciais são muito mais depressa percebidas pelo “pequeninos”: são eles que estão sempre disponíveis para acolher Deus e os seus valores e para arriscar nos desafios do “Reino”. Quantas vezes os pobres, os pequenos, os humildes são ridicularizados, tratados como incapazes, pelos nossos “iluminados” fazedores de opinião, que tudo sabem e que procuram impor ao mundo e aos outros as suas visões pessoais e os seus pseudo-valores. A Palavra de Deus ensina: a sabedoria e a inteligência não garantem a posse da verdade; o que garante a posse da verdade é ter um coração aberto a Deus e às suas propostas.
Como é que chegamos a Deus? Como percebemos o seu “rosto”? Como fazemos uma experiência íntima e profunda de Deus? É através da Filosofia? É através de um discurso racional coerente? É passando todo o tempo disponível na igreja a mudar as toalhas dos altares? O Evangelho responde: “conhecemos” Deus através de Jesus. Jesus é “o Filho” que “conhece” o Pai; só quem segue Jesus e procura viver como Ele pode chegar à comunhão com o Pai. Há católicos que, por serem Padres como eu, por terem feito catequese, por irem à missa ao domingo e por fazerem parte do conselho pastoral da paróquia, acham que conhecem Deus. Atenção: só “conhece” Deus quem é simples e humilde e está disposto a seguir Jesus no caminho da entrega a Deus e da doação da vida aos homens. É no seguimento de Jesus – e só aí – que nos tornamos “filhos” de Deus.
Pai, que a arrogância dos sábios e doutos jamais contamine meu coração. E, fazendo-me pequenino, que eu esteja em condições de acolher a Tua revelação na pessoa do Teu Filho Jesus Cristo.
Fonte CNBB
Após o “discurso da missão” e o envio dos discípulos ao mundo para continuarem a obra libertadora de Jesus, Mateus coloca no seu esquema de Evangelho uma seção sobre as reações e as atitudes que as várias pessoas e grupos tomam frente a Jesus e à sua proposta de “Reino”.
Nos versículos anteriores ao texto que nos é hoje proposto, Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades situadas à volta do lago de Tiberíades, porque foram testemunhas da sua proposta de salvação e mantiveram-se indiferentes. Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam questionar-se, a fim de abrir o coração à novidade de Deus.
Agora, Jesus manifesta-se convicto de que essa proposta rejeitada pelos habitantes das cidades do lago, encontrará acolhimento entre os pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.
Hoje estamos diante de duas “sentenças” que, provavelmente, foram pronunciados em ambientes diversos deste que Mateus nos apresenta.
A primeira sentença é uma oração de louvor que Jesus dirige ao Pai, porque Ele escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos. Os “sábios e inteligentes” são certamente esses “fariseus” e “doutores da Lei”, que absolutizavam a Lei, que se consideravam justos e dignos de salvação porque cumpriam escrupulosamente a Lei, que não estavam dispostos a deixar pôr em causa esse sistema religioso em que se tinham instalado e que – na sua perspectiva – lhes garantia automaticamente a salvação. Os “pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder positivamente à oferta do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados, ou seja, os doentes, os publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra” que Jesus encontrava todos os dias pelos caminhos da Galiléia, considerados malditos pela Lei, mas que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta libertadora de Jesus.
A segunda sentença relaciona-se com a anterior e explica o que é que foi escondido aos “sábios e inteligentes” e revelado aos “pequeninos”. Trata-se, duma “experiência profunda e íntima” de Deus. Os “sábios e inteligentes” estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes dava o conhecimento de Deus. A Lei era uma espécie de “linha direta” para Deus, através da qual eles ficavam a conhecer Deus, a sua vontade, os seus projetos para o mundo a para os homens; por isso, apresentavam-se como detentores da verdade, representantes legítimos de Deus, capazes de interpretar a vontade e os planos divinos.
Jesus deixa claro que quem quiser fazer uma experiência profunda e íntima de Deus tem de aceitar Jesus e segui-lO. Ele é “o Filho” e só Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Quem rejeitar Jesus não poderá “conhecer” Deus: quando muito, encontrará imagens distorcidas de Deus e aplicá-las-á depois para julgar o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O seguir, aprenderá a viver em comunhão com Deus, na obediência total aos seus projetos e na aceitação incondicional dos seus planos.
Na verdade, os critérios de Deus são bem estranhos, vistos de cá de baixo, com as lentes do mundo. Nós, homens, admiramos e incensamos os sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos e queremos que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a ditar a moda ou as idéias, a definir o que é correto ou não é correto. Mas Deus diz que as coisas essenciais são muito mais depressa percebidas pelo “pequeninos”: são eles que estão sempre disponíveis para acolher Deus e os seus valores e para arriscar nos desafios do “Reino”. Quantas vezes os pobres, os pequenos, os humildes são ridicularizados, tratados como incapazes, pelos nossos “iluminados” fazedores de opinião, que tudo sabem e que procuram impor ao mundo e aos outros as suas visões pessoais e os seus pseudo-valores. A Palavra de Deus ensina: a sabedoria e a inteligência não garantem a posse da verdade; o que garante a posse da verdade é ter um coração aberto a Deus e às suas propostas.
Como é que chegamos a Deus? Como percebemos o seu “rosto”? Como fazemos uma experiência íntima e profunda de Deus? É através da Filosofia? É através de um discurso racional coerente? É passando todo o tempo disponível na igreja a mudar as toalhas dos altares? O Evangelho responde: “conhecemos” Deus através de Jesus. Jesus é “o Filho” que “conhece” o Pai; só quem segue Jesus e procura viver como Ele pode chegar à comunhão com o Pai. Há católicos que, por serem Padres como eu, por terem feito catequese, por irem à missa ao domingo e por fazerem parte do conselho pastoral da paróquia, acham que conhecem Deus. Atenção: só “conhece” Deus quem é simples e humilde e está disposto a seguir Jesus no caminho da entrega a Deus e da doação da vida aos homens. É no seguimento de Jesus – e só aí – que nos tornamos “filhos” de Deus.
Pai, que a arrogância dos sábios e doutos jamais contamine meu coração. E, fazendo-me pequenino, que eu esteja em condições de acolher a Tua revelação na pessoa do Teu Filho Jesus Cristo.
Fonte Canção Nova
Deus os Abençoe!
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