QUARTA-FEIRA
Santo do dia: São Cláudio de La Colombiere.
Cor litúrgica do dia: VERDE
Ano "C" - São Lucas.
6ª Semana do Tempo Comum.
Primeira leitura
- Leitura do Livro do Gênesis (8,6-13.20-22)
6 No fim de quarenta dias, abriu Noé a janela que tinha feito na arca
7 e deixou sair um corvo, o qual saindo, voava de um lado para outro, até que aparecesse a terra seca.
8 Soltou também uma pomba, para ver se as águas teriam já diminuído na face da terra.
9 A pomba, porém, não encontrando onde pousar, voltou para junto dele na arca, porque havia ainda água na face da terra. Noé estendeu a mão, e tendo-a tomado, recolheu-a na arca.
10 Esperou mais sete dias, e soltou de novo a pomba fora da arca.
11 E eis que pela tarde ela voltou, trazendo no bico uma folha verde de oliveira. Assim Noé compreendeu que as águas tinham baixado sobre a terra.
12 Esperou ainda sete dias, e soltou a pomba que desta vez não mais voltou.
13 No ano seiscentos e um, no primeiro mês, no primeiro dia do mês, as águas se tinham secado sobre a terra. Noé descobriu o teto da arca, olhou e viu que a superfície do solo estava seca.
20 E Noé levantou um altar ao Senhor: tomou de todos os animais puros e de todas as aves puras, e ofereceu-os em holocausto ao Senhor sobre o altar.
21 O Senhor respirou um agradável odor, e disse em seu coração: “Doravante, não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem porque os pensamentos do seu coração são maus desde a sua juventude, e não ferirei mais todos os seres vivos, como o fiz.
22 Enquanto durar a terra, não mais cessarão a sementeira e a colheita, o frio e o calor, o verão e o inverno, o dia e a noite.”
- Palavra do Senhor.
R. Graças a Deus
6 No fim de quarenta dias, abriu Noé a janela que tinha feito na arca
7 e deixou sair um corvo, o qual saindo, voava de um lado para outro, até que aparecesse a terra seca.
8 Soltou também uma pomba, para ver se as águas teriam já diminuído na face da terra.
9 A pomba, porém, não encontrando onde pousar, voltou para junto dele na arca, porque havia ainda água na face da terra. Noé estendeu a mão, e tendo-a tomado, recolheu-a na arca.
10 Esperou mais sete dias, e soltou de novo a pomba fora da arca.
11 E eis que pela tarde ela voltou, trazendo no bico uma folha verde de oliveira. Assim Noé compreendeu que as águas tinham baixado sobre a terra.
12 Esperou ainda sete dias, e soltou a pomba que desta vez não mais voltou.
13 No ano seiscentos e um, no primeiro mês, no primeiro dia do mês, as águas se tinham secado sobre a terra. Noé descobriu o teto da arca, olhou e viu que a superfície do solo estava seca.
20 E Noé levantou um altar ao Senhor: tomou de todos os animais puros e de todas as aves puras, e ofereceu-os em holocausto ao Senhor sobre o altar.
21 O Senhor respirou um agradável odor, e disse em seu coração: “Doravante, não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem porque os pensamentos do seu coração são maus desde a sua juventude, e não ferirei mais todos os seres vivos, como o fiz.
22 Enquanto durar a terra, não mais cessarão a sementeira e a colheita, o frio e o calor, o verão e o inverno, o dia e a noite.”
- Palavra do Senhor.
R. Graças a Deus
Salmo Responsorial
(115/116B)
R. Oferto ao Senhor um sacrifício de louvor.
Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor. R.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.
É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos. R.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido;
nos átrios da casa do Senhor,
em teu meio, ó cidade de Sião! R.
Evangelho
(115/116B)
R. Oferto ao Senhor um sacrifício de louvor.
Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor. R.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.
É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos. R.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido;
nos átrios da casa do Senhor,
em teu meio, ó cidade de Sião! R.
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor. R.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.
É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos. R.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido;
nos átrios da casa do Senhor,
em teu meio, ó cidade de Sião! R.
Evangelho
— O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos (8,22-26)
R. Glória a vós, Senhor.
22 Jesus e seus discípulos chegando a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e suplicaram-lhe que o tocasse.
23 Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: "Vês alguma coisa?"
24 O cego levantou os olhos e respondeu: "Vejo os homens como árvores que andam".
25 Em seguida, Jesus lhe impôs as mãos nos olhos e ele começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe.
26 E mandou-o para casa, dizendo-lhe: "Não entres nem mesmo na aldeia".
— Palavra da Salvação.
R. Glória a vós, Senhor.
Homilia
Jesus retira o homem do povoado, não o cura totalmente na primeira vez que lhe impõe as mãos, o deixa totalmente curado na segunda vez que lhe impõe as mãos e diz para ele não entrar no povoado. Esses elementos nos ajudam numa reflexão sobre o Evangelho de hoje. As pessoas vivem em sociedade e, geralmente, assumem integralmente os seus valores. Esses valores muitas vezes se tornam um obstáculo para a atuação da graça e para a verdadeira libertação dessas pessoas. Depois que a libertação acontece, essas pessoas não podem assumir novamente todos os valores da sociedade, pois voltarão a viver na escuridão do erro e do pecado.
Fonte CNBB
- A LÍNGUA E A SALIVA QUE CURA Mc 8,22-26:
Na umidade interior da boca, a saliva é uma espécie de sêmen da palavra. Ela tem como a água, grande importância: une e dissolve os alimentos, pode curar ou corromper, suavizar ou insultar violentamente, como quando se transforma em cuspe. O órgão da saliva é a língua, como na relação entre a lágrima e os olhos. A língua, como um pequeno leme, governa nossa embarcação. A língua é fértil, seu sêmen é a saliva e seu fruto maduro e criativo é o Verbo, a palavra. Para despertar a palavra, para libertar o Verbo, Jesus empregará sua saliva sob a boca e os ouvidos do surdo-mudo. Para impedir a palavra e aniquilar o Verbo, cuspiram sobre o rosto de Jesus.
Língua e saliva. Como órgão do paladar e do gosto, a língua é símbolo do discernimento. Ela separa o bom do ruim; ela distingue, ela aparta e isola como um chicote, uma faca ou uma espada. Como órgão da palavra, a língua é criadora do Verbo e identifica-se com ele.
A língua é considerada como uma chama, cuja forma e mobilidade é como o fogo que destrói e purifica. Como instrumento da palavra, a língua edifica e arrasa. Comparada ao fiel de uma balança, a língua julga. Comparada a um pequeno leme, dirige o navio inteiro. A língua é como o fogo, o único animal que ninguém consegue dominar Tg 3,2-12. Na maioria das vezes o termo significa a própria palavra. Quando a palavra língua é empregada sem qualificativo, em geral designa a má língua. Como tens utilizada a tua língua?
Na Bíblia, a saliva evoca a vida, a cura e a salvação. Tocados pela saliva, os cegos vêem, surdos ouvem e mudos falam. Ao promover, com os dentes e a língua, uma intimização da pessoa com o alimento – por todos os critérios de reconhecimento derivados do paladar – a saliva fala do nosso desejo de alimentação espiritual, de alimentar-se do divino, de comer Deus. Na cavidade bucal, a saliva está associada às núpcias celestes, ao banquete celeste.
A saliva de Jesus é muito mais do que simplesmente um líquido transparente e insípido, segregado pelas glândulas salivares na base da língua que serve para fluidificar os alimentos, facilitar sua ingestão e digestão. A saliva de Jesus cura e liberta.
Associada aos alimentos, a saliva serve para uni-los e dissolvê-los, pode curar ou corromper, suavizar ou ofender. Ofender e insultar violentamente como quando cospe-se em alguém. Cuspir no rosto é um gesto grave em conseqüências, na tradição judaica. Quem cospe em alguém, não foi capaz de reter sua ira, seu ódio e transforma sua saliva luminosa em cuspe, em “não-luz”. Na Bíblia, cuspir no rosto de alguém é uma suprema vergonha, punida de lepra (Nm 12,14).
Falar de saliva é até certo ponto evocar a salivação que nos lembram sal e salvação. Elas falam do desejo de alimentação espiritual, de um saber que é sabor e sabedoria, de comer Deus, de alimentar-se do divino e saboreá-lo. A sabedoria leva a falar com sabor, com um sabor indestrutível como o do sal.
A saliva lembra a essência da purificação e da iluminação, o caminho terapêutico da intimidade com Deus, o banquete de núpcias, o encontro do Esposo com a esposa.
O tema da cegueira é bastante central na missão de Jesus. Não há dúvida que, entre as curas de Jesus, as mais relevantes devolveram a visão aos cegos. Na tradição judaica, abrir os olhos era a cura messiânica por excelência, o sinal para a identificação do verdadeiro messias, segundo a tradição profética. Ao apresentar-se na sinagoga de Nazaré, Jesus declara-se ungido – precisamente – para abrir os olhos aos cegos. Cristo vem abrir os olhos de todos para enxergarem o Invisível.
Como criaturas somos todos cegos de nascença. A matéria dela mesma não vê nada, não sabe nada. Nossa matéria só vê e sabe, se for tocada pela saliva e palavra de Jesus Cristo, pela fertilidade da água viva. Somos vitimados pelas mais diversas cegueiras. Não vemos sequer a maior das certezas, a realidade da morte fruto do pecado. E vivemos muitas vezes como se fossemos imortais. O mistério da vontade divina é o seu desejo de salvação para todos (Ef 1,9). Jesus vai em direção ao cego, sem distinção. E assim como na gênese do homem, Deus uniu sopro e saliva com o barro do terroso (Gn 2,7), assim Ele pega no barro e unta os olhos do cego. Os padres da Igreja já viam nesse barro feito por Jesus, um sinal da sua encarnação. Jesus usa e sacraliza a natureza, o pó da terra e a terapêutica saliva, para curar. E faz da cura física um sinal da cura espiritual.
Somos cegos e devemos aceitar nossa condição humana: não vemos a luz. Aceitar também, sem contestação, que o sopro e a palavra de Jesus que está por detrás da saliva habitem nosso pó, sinais da presença de Cristo, de nossa divinização e da fonte da nossa salvação. Jesus ao cuspir e passar a saliva nos olhos do homem, ao pôs a mão sobre ele e perguntar se ele via alguma coisa, nos convida a mergulharmos em nossa condição humana e suas racionalidades com uma nova consciência. Só n’Ele, por Ele e com Ele nós conseguimos enxergar o caminho que nos leva ao Pai.
Agora lavados com e pela salva de Jesus temos os nossos olhos abertos! Vemos, sabemos e conhecemos o que nos pode matar. E para tal já não podemos voltar para o povoado! Povoador quer dizer: voltar para a vida do pecado que gera a nossa morte e a dos nossos!
Fonte http://homilia.cancaonova.com/
Deus os Abençoe!
Paz e Bem.
— O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos (8,22-26)
R. Glória a vós, Senhor.
22 Jesus e seus discípulos chegando a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e suplicaram-lhe que o tocasse.
23 Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: "Vês alguma coisa?"
24 O cego levantou os olhos e respondeu: "Vejo os homens como árvores que andam".
25 Em seguida, Jesus lhe impôs as mãos nos olhos e ele começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe.
26 E mandou-o para casa, dizendo-lhe: "Não entres nem mesmo na aldeia".
— Palavra da Salvação.
23 Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: "Vês alguma coisa?"
24 O cego levantou os olhos e respondeu: "Vejo os homens como árvores que andam".
25 Em seguida, Jesus lhe impôs as mãos nos olhos e ele começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe.
26 E mandou-o para casa, dizendo-lhe: "Não entres nem mesmo na aldeia".
— Palavra da Salvação.
Jesus retira o homem do povoado, não o cura totalmente na primeira vez que lhe impõe as mãos, o deixa totalmente curado na segunda vez que lhe impõe as mãos e diz para ele não entrar no povoado. Esses elementos nos ajudam numa reflexão sobre o Evangelho de hoje. As pessoas vivem em sociedade e, geralmente, assumem integralmente os seus valores. Esses valores muitas vezes se tornam um obstáculo para a atuação da graça e para a verdadeira libertação dessas pessoas. Depois que a libertação acontece, essas pessoas não podem assumir novamente todos os valores da sociedade, pois voltarão a viver na escuridão do erro e do pecado.
Fonte CNBB
- A LÍNGUA E A SALIVA QUE CURA Mc 8,22-26:
Na umidade interior da boca, a saliva é uma espécie de sêmen da palavra. Ela tem como a água, grande importância: une e dissolve os alimentos, pode curar ou corromper, suavizar ou insultar violentamente, como quando se transforma em cuspe. O órgão da saliva é a língua, como na relação entre a lágrima e os olhos. A língua, como um pequeno leme, governa nossa embarcação. A língua é fértil, seu sêmen é a saliva e seu fruto maduro e criativo é o Verbo, a palavra. Para despertar a palavra, para libertar o Verbo, Jesus empregará sua saliva sob a boca e os ouvidos do surdo-mudo. Para impedir a palavra e aniquilar o Verbo, cuspiram sobre o rosto de Jesus.
Língua e saliva. Como órgão do paladar e do gosto, a língua é símbolo do discernimento. Ela separa o bom do ruim; ela distingue, ela aparta e isola como um chicote, uma faca ou uma espada. Como órgão da palavra, a língua é criadora do Verbo e identifica-se com ele.
A língua é considerada como uma chama, cuja forma e mobilidade é como o fogo que destrói e purifica. Como instrumento da palavra, a língua edifica e arrasa. Comparada ao fiel de uma balança, a língua julga. Comparada a um pequeno leme, dirige o navio inteiro. A língua é como o fogo, o único animal que ninguém consegue dominar Tg 3,2-12. Na maioria das vezes o termo significa a própria palavra. Quando a palavra língua é empregada sem qualificativo, em geral designa a má língua. Como tens utilizada a tua língua?
Na Bíblia, a saliva evoca a vida, a cura e a salvação. Tocados pela saliva, os cegos vêem, surdos ouvem e mudos falam. Ao promover, com os dentes e a língua, uma intimização da pessoa com o alimento – por todos os critérios de reconhecimento derivados do paladar – a saliva fala do nosso desejo de alimentação espiritual, de alimentar-se do divino, de comer Deus. Na cavidade bucal, a saliva está associada às núpcias celestes, ao banquete celeste.
A saliva de Jesus é muito mais do que simplesmente um líquido transparente e insípido, segregado pelas glândulas salivares na base da língua que serve para fluidificar os alimentos, facilitar sua ingestão e digestão. A saliva de Jesus cura e liberta.
Associada aos alimentos, a saliva serve para uni-los e dissolvê-los, pode curar ou corromper, suavizar ou ofender. Ofender e insultar violentamente como quando cospe-se em alguém. Cuspir no rosto é um gesto grave em conseqüências, na tradição judaica. Quem cospe em alguém, não foi capaz de reter sua ira, seu ódio e transforma sua saliva luminosa em cuspe, em “não-luz”. Na Bíblia, cuspir no rosto de alguém é uma suprema vergonha, punida de lepra (Nm 12,14).
Falar de saliva é até certo ponto evocar a salivação que nos lembram sal e salvação. Elas falam do desejo de alimentação espiritual, de um saber que é sabor e sabedoria, de comer Deus, de alimentar-se do divino e saboreá-lo. A sabedoria leva a falar com sabor, com um sabor indestrutível como o do sal.
A saliva lembra a essência da purificação e da iluminação, o caminho terapêutico da intimidade com Deus, o banquete de núpcias, o encontro do Esposo com a esposa.
O tema da cegueira é bastante central na missão de Jesus. Não há dúvida que, entre as curas de Jesus, as mais relevantes devolveram a visão aos cegos. Na tradição judaica, abrir os olhos era a cura messiânica por excelência, o sinal para a identificação do verdadeiro messias, segundo a tradição profética. Ao apresentar-se na sinagoga de Nazaré, Jesus declara-se ungido – precisamente – para abrir os olhos aos cegos. Cristo vem abrir os olhos de todos para enxergarem o Invisível.
Como criaturas somos todos cegos de nascença. A matéria dela mesma não vê nada, não sabe nada. Nossa matéria só vê e sabe, se for tocada pela saliva e palavra de Jesus Cristo, pela fertilidade da água viva. Somos vitimados pelas mais diversas cegueiras. Não vemos sequer a maior das certezas, a realidade da morte fruto do pecado. E vivemos muitas vezes como se fossemos imortais. O mistério da vontade divina é o seu desejo de salvação para todos (Ef 1,9). Jesus vai em direção ao cego, sem distinção. E assim como na gênese do homem, Deus uniu sopro e saliva com o barro do terroso (Gn 2,7), assim Ele pega no barro e unta os olhos do cego. Os padres da Igreja já viam nesse barro feito por Jesus, um sinal da sua encarnação. Jesus usa e sacraliza a natureza, o pó da terra e a terapêutica saliva, para curar. E faz da cura física um sinal da cura espiritual.
Somos cegos e devemos aceitar nossa condição humana: não vemos a luz. Aceitar também, sem contestação, que o sopro e a palavra de Jesus que está por detrás da saliva habitem nosso pó, sinais da presença de Cristo, de nossa divinização e da fonte da nossa salvação. Jesus ao cuspir e passar a saliva nos olhos do homem, ao pôs a mão sobre ele e perguntar se ele via alguma coisa, nos convida a mergulharmos em nossa condição humana e suas racionalidades com uma nova consciência. Só n’Ele, por Ele e com Ele nós conseguimos enxergar o caminho que nos leva ao Pai.
Agora lavados com e pela salva de Jesus temos os nossos olhos abertos! Vemos, sabemos e conhecemos o que nos pode matar. E para tal já não podemos voltar para o povoado! Povoador quer dizer: voltar para a vida do pecado que gera a nossa morte e a dos nossos!
Fonte http://homilia.cancaonova.com/
Fonte CNBB
- A LÍNGUA E A SALIVA QUE CURA Mc 8,22-26:
Na umidade interior da boca, a saliva é uma espécie de sêmen da palavra. Ela tem como a água, grande importância: une e dissolve os alimentos, pode curar ou corromper, suavizar ou insultar violentamente, como quando se transforma em cuspe. O órgão da saliva é a língua, como na relação entre a lágrima e os olhos. A língua, como um pequeno leme, governa nossa embarcação. A língua é fértil, seu sêmen é a saliva e seu fruto maduro e criativo é o Verbo, a palavra. Para despertar a palavra, para libertar o Verbo, Jesus empregará sua saliva sob a boca e os ouvidos do surdo-mudo. Para impedir a palavra e aniquilar o Verbo, cuspiram sobre o rosto de Jesus.
Língua e saliva. Como órgão do paladar e do gosto, a língua é símbolo do discernimento. Ela separa o bom do ruim; ela distingue, ela aparta e isola como um chicote, uma faca ou uma espada. Como órgão da palavra, a língua é criadora do Verbo e identifica-se com ele.
A língua é considerada como uma chama, cuja forma e mobilidade é como o fogo que destrói e purifica. Como instrumento da palavra, a língua edifica e arrasa. Comparada ao fiel de uma balança, a língua julga. Comparada a um pequeno leme, dirige o navio inteiro. A língua é como o fogo, o único animal que ninguém consegue dominar Tg 3,2-12. Na maioria das vezes o termo significa a própria palavra. Quando a palavra língua é empregada sem qualificativo, em geral designa a má língua. Como tens utilizada a tua língua?
Na Bíblia, a saliva evoca a vida, a cura e a salvação. Tocados pela saliva, os cegos vêem, surdos ouvem e mudos falam. Ao promover, com os dentes e a língua, uma intimização da pessoa com o alimento – por todos os critérios de reconhecimento derivados do paladar – a saliva fala do nosso desejo de alimentação espiritual, de alimentar-se do divino, de comer Deus. Na cavidade bucal, a saliva está associada às núpcias celestes, ao banquete celeste.
A saliva de Jesus é muito mais do que simplesmente um líquido transparente e insípido, segregado pelas glândulas salivares na base da língua que serve para fluidificar os alimentos, facilitar sua ingestão e digestão. A saliva de Jesus cura e liberta.
Associada aos alimentos, a saliva serve para uni-los e dissolvê-los, pode curar ou corromper, suavizar ou ofender. Ofender e insultar violentamente como quando cospe-se em alguém. Cuspir no rosto é um gesto grave em conseqüências, na tradição judaica. Quem cospe em alguém, não foi capaz de reter sua ira, seu ódio e transforma sua saliva luminosa em cuspe, em “não-luz”. Na Bíblia, cuspir no rosto de alguém é uma suprema vergonha, punida de lepra (Nm 12,14).
Falar de saliva é até certo ponto evocar a salivação que nos lembram sal e salvação. Elas falam do desejo de alimentação espiritual, de um saber que é sabor e sabedoria, de comer Deus, de alimentar-se do divino e saboreá-lo. A sabedoria leva a falar com sabor, com um sabor indestrutível como o do sal.
A saliva lembra a essência da purificação e da iluminação, o caminho terapêutico da intimidade com Deus, o banquete de núpcias, o encontro do Esposo com a esposa.
O tema da cegueira é bastante central na missão de Jesus. Não há dúvida que, entre as curas de Jesus, as mais relevantes devolveram a visão aos cegos. Na tradição judaica, abrir os olhos era a cura messiânica por excelência, o sinal para a identificação do verdadeiro messias, segundo a tradição profética. Ao apresentar-se na sinagoga de Nazaré, Jesus declara-se ungido – precisamente – para abrir os olhos aos cegos. Cristo vem abrir os olhos de todos para enxergarem o Invisível.
Como criaturas somos todos cegos de nascença. A matéria dela mesma não vê nada, não sabe nada. Nossa matéria só vê e sabe, se for tocada pela saliva e palavra de Jesus Cristo, pela fertilidade da água viva. Somos vitimados pelas mais diversas cegueiras. Não vemos sequer a maior das certezas, a realidade da morte fruto do pecado. E vivemos muitas vezes como se fossemos imortais. O mistério da vontade divina é o seu desejo de salvação para todos (Ef 1,9). Jesus vai em direção ao cego, sem distinção. E assim como na gênese do homem, Deus uniu sopro e saliva com o barro do terroso (Gn 2,7), assim Ele pega no barro e unta os olhos do cego. Os padres da Igreja já viam nesse barro feito por Jesus, um sinal da sua encarnação. Jesus usa e sacraliza a natureza, o pó da terra e a terapêutica saliva, para curar. E faz da cura física um sinal da cura espiritual.
Somos cegos e devemos aceitar nossa condição humana: não vemos a luz. Aceitar também, sem contestação, que o sopro e a palavra de Jesus que está por detrás da saliva habitem nosso pó, sinais da presença de Cristo, de nossa divinização e da fonte da nossa salvação. Jesus ao cuspir e passar a saliva nos olhos do homem, ao pôs a mão sobre ele e perguntar se ele via alguma coisa, nos convida a mergulharmos em nossa condição humana e suas racionalidades com uma nova consciência. Só n’Ele, por Ele e com Ele nós conseguimos enxergar o caminho que nos leva ao Pai.
Agora lavados com e pela salva de Jesus temos os nossos olhos abertos! Vemos, sabemos e conhecemos o que nos pode matar. E para tal já não podemos voltar para o povoado! Povoador quer dizer: voltar para a vida do pecado que gera a nossa morte e a dos nossos!
Deus os Abençoe!
- in Corde Jesu, semper.
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